23 de out. de 2009

Lula, o Filho do Brasil


“Sertão de Pernambuco, 1945. Menos de um mês após Aristides partir para São Paulo com uma mulher bem mais nova, dona Lindu dá a luz ao seu sétimo filho”. Essa é a sinopse do filme “Lula, o Filho do Brasil” de Fabio Barreto. O filme vai abrir o 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro no dia 17 de novembro e será lançado nacionalmente no dia 1º de janeiro de 2010. O longa metragem é uma cinebiografia do atual presidente brasileiro, desde seu nascimento até a morte de sua mãe. A obra foi extraída do livro homônimo da jornalista e ex-assessora do presidente Denise Paraná. Ela também assina o roteiro com Daniel Tendler e Fernando Bonassi.

O filme causou desconforto a críticos do cinema nacional e à opinião pública, pois ele é um dos mais caros feitos no Brasil (custou mais de R$ 17 milhões). Alguns acham que o filme é uma estratégia para as próximas eleições de 2010 e pode beneficiar a candidata do PT Dilma Rousseff.

Luiz Carlos Barreto, além de pai do diretor do filme, também é o produtor. Em entrevista à Folha de São Paulo ele afirma que está se “lixando para a eleição, de dona Dilma ou de quem quer que seja". A pouco mais de sessenta dias do lançamento, ele também afirma que se sente vítima de “pré-censura” e conclui que a obra “não tem nenhum vínculo político”. O longa está sendo patrocinado por grandes empresas, entre elas estão a Odebrecht, Volkswagen e Ambev.

Leia a entrevista:

- O senhor tem afirmado que espera 20 milhões de espectadores para "Lula, o Filho do Brasil". É um número pretensioso, não?

Luiz Carlos Barreto - O filme parte do princípio dos 5 milhões. Se puder ir a 10, 15, 20... Não é impossível. Nos anos 70, os filmes faziam até 10% da população brasileira. "Dona Flor [e seus Dois Maridos]" fez 12 milhões quando o país tinha 120 milhões [de habitantes]. Hoje, temos 180 milhões. Sonhar em fazer 15, 16, 18 milhões, é um sonho, mas é realizável. Aí é que entra a necessidade de trabalhar fora dos padrões normais, de se lançar um filme fora dos mecanismos normais. Você começa a procurar formas de atrair o público que não tem o hábito de ir ao cinema, de adequar a política de preço às classes de baixa renda.

- Trabalhar "fora dos padrões" inclui usar mecanismos do próprio governo?

Barreto - É absolutamente uma má interpretação dizer que o filme está procurando a máquina governamental. Ao contrário, estamos longe da máquina governamental, das máquinas partidárias. O filme não tem nenhum vínculo político, mesmo porque não se pode fazer um filme político. Quando você faz promoções, você tem que encontrar os canais. Atrair a classe de trabalhadores, funcionários públicos, aposentados. Se eu quero atrair estudantes, eu vou atrás da UNE. Fomos procurar as centrais sindicais. Elas não são máquinas do governo.
Texto: Hesíodo Góes
Imagem: Divulgação

2 comentários:

Juliene disse...

se tratando de política não podemos duvidar de nada, se foi para realmente para relatar a história de um homem que pobre que supera os desafios e chega a se tornar presidente ou para puxar o saco do presidente ?
de quem partiu essa ideia de girico não sei mas que para essa história não precisa de filme pois é só lembrar dos horários eletorais...

sonia disse...

Bem...me perece puro oportunismo...político e "artistico" também...Como sempre, o poder seduz e corrompe. Fazer um filme falando( e certamente exaltando) um governante em vigência de mandato...hum, hum, hem?!
Parabéns pelo texto bem artuculado, Hesíodo!