Por
Hesíodo GóesEstamos sem opção.
Universitários desempregados, estudantes desiludidos. É claro que existem os mais sortudos, os escolhidos “divinamente” pelo mercado. Esses fazem parte do
seletivo grupo de pessoas que gostam do que fazem e são felizes por isso, pelo menos
profissionalmente. Não tenho nenhuma tese ou pesquisa para me basear e sim a convivência com a realidade alheia e própria, assim sendo, é possível afirmar que grande maioria das pessoas não são realizadas
profissionalmente, apenas estão lá pelo dinheiro,
status, ou por falta de opção mesmo, atrelada à responsabilidade familiar.
A parte sofrível de
universitários que lutam por uma simples vaga de estágio tem que se adequar às “gambiarras” oferecidas pelo mercado em relação ao seu curso. A exemplo disso fui chamado para trabalhar (estagiar) em uma empresa de cobrança via
telemarketing. O discurso do dono/ entrevistador da empresa me persuadiu quando foi afirmado que como faço jornalismo “o
telemarketing seria um
ótimo exercício, via oral, para me comunicar com as pessoas com maior facilidade” e que “para minha vida
profissional seria uma experiência única.” Mesmo não tendo nada a ver comigo, fiquei. Fiquei porque estava precisando da
merreca que eles pagariam. Fiquei, mas não durei um mês e não incentivo as pessoas a fazerem esse tipo de trabalho, é loucura!
Outra vez es
tava trabalhando em um
almoxarifado e estavam precisando de estagiários. Perguntei em que área ele trabalharia. Ele trabalhou ao meu lado carregando peso e nem carteira assinada o
universitário do curso de administração tinha. A empresa queria estagiários com funções de estivadores, pedreiros,
marceneiros, auxiliar de limpeza. Claro, sem desmerecer essas profissões que não necessitam de estagiários
universitários.
A moda de uns tempos pra cá é fazer concurso público. Essa moda é tão forte que: ou o individuo está empregado, é desempregado,
universitário, ou “
concurseiro”. Isso significa que mais uma classe de desesperados foi criada. Uma coisa é concorrer a uma vaga em que se identifica, que escolheu para a vida mesmo depois se decepcionando. Conheço pessoas que querem fazer o curso de direito para futuramente fazer concurso público como se fosse uma pós-graduação remunerada. Errados? Não, certíssimos. Tem mais a ver com eles.
Em uma mesa de bar, certo dia, a pauta da vez era: Concurso público e qual felicidade real ele pode te oferecer? Parece título de reportagem ou de capa de revista, mas foi uma discussão
polêmica e repleta de dúvidas. Uma amiga (
concurseira) dizia que “o mundo andava cheio de poucas opções” e a outra indagava que “não tem dinheiro no mundo que pague o amor pelo trabalho.” Eu, pra ser sincero, concordo com as duas. De um lado, “o mundo” está mesmo com poucas opções. As pessoas aprendem a gostar do que fazem e se acostumam, mas não porque querem e sim por necessidade, mas para isso também necessitam de forte dedicação. Em contra partida, elas adquirem estabilidade financeira para o resto da vida. Por outro lado, a questão do “amor pelo que faz” é mais um estímulo para o dia a dia numa vida
profissional. Nos primeiros meses, tudo são mil maravilhas, o salário é bom, os sonhos batem na porta com mais
frequência. E depois de alguns dez anos? Só com muito amor e dedicação pelo trabalho que se consegue deixar mais estreitos os laços
profissionais e pessoais, mas claro sabendo dividir os momentos
exatamente como óleo e água.
O bom é não desistir nunca. Trabalhe de graça se for necessário, troque suas mãos trabalhadoras pelo aprendizado, olhe para frente, não desmereça nenhum tipo de trabalho, pois toda experiência é válida. Após a necessidade sempre vem a felicidade assim como após a madrugada vem o amanhecer. Não olhe pra nenhum emprego como um simples “
empreguinho de merda que não vai me dar futuro”. O futuro está em nossas mãos, mas ele foge como água.